sábado, 27 de dezembro de 2014

Azuki e cevada


Antes de nascer é muito provável que nos seja dada a  beber  a poção mágica para nos libertar da memória.  
Seria seguramente mais fácil (em alguns aspectos) se nos recordássemos de onde viemos e para onde vamos. Mas não seria uma experiência tão verdadeira como a vida pretende que seja. Seria idêntico a termos as respostas de um teste antes de o fazermos.
Desconhecendo tudo em relação às nossas origens e todas as aprendizagens, temos a grande oportunidade de começar de novo.
Esquecidos do berço que nos continha, nascemos para os braços de alguém, para iniciar um ciclo de novas aprendizagens.
É essencial que estejamos muito presentes em tudo o que nos acontece. Cada segundo é uma gota da eternidade.
Com a poção mágica do esquecimento, não podermos saber o que, nem com quem combinámos crescer, resta-nos confiar que temos um guia para nos direccionar e o coração no peito para nos guiar.




Receita para recordar o que é preciso transformar
Sopa de feijão azuki e cevadinha





O azuki é um feijão e como tal pertence ao grupo das leguminosas. É conhecido pela a ação benéfica que possui para o bom funcionamento dos rins.
Os rins são órgãos responsáveis (entre outras ações) por filtrar o sangue. O sangue representa, a família e a vida.
 O sangue percorre o seu caminho pelas estradas do corpo e chega ao rim, enviado pelo coração. O coração é o órgão da partilha.
Para termos uma vida filtrada, circular com alegria e partilha, precisamos que os rins estejam em seu pleno funcionamento.
A cevadinha é uma variante do cereal mais conhecido por cevada.
Este cereal contribui para o bom funcionamento do fígado.
O fígado tem entre várias outras funções a responsabilidade de eliminar toxinas. Ele e os rins cuidam da nossa vida e do nosso sangue.
Para sermos equilibrados, precisamos estar libertos de "venenos."

Com esta sopa poderá fazer de todos os dias um novo dia.
Faça esta receita sempre que sentir que a sua vida não está a fluir, e sempre que pressentir que a partilha escasseia nos seus dias.

Receita (4 pessoas)
Ingredientes

  • 150 gramas de feijão azuki
  • 100 gramas de cevadinha
  • 1 fatia de abóbora cabacinha ou hokaido
  • 1 cebola
  • 1 fatia de couve coração

Confecção

Demolhe o feijão juntamente com a cevada durante 6 a 8 horas.
Deite a água fora onde os alimentos foram demolhados, e cozinhe ambos durante 40 minutos. (se desejar que seja mais rápido pode cozinhar em 20 minutos na panela de pressão), com o triplo do seu volume em água e uma tira de 3cm de alga kombu (esta alga deve ser sempre utilizada na cozedura das leguminosas, porque contém minerais que ajudam na digestão e evitam a formação de gases).
Passado o tempo de cozedura mexa para sentir a sua consistência, se achar que está muito espessa, acrescente mais água (pode ser fria) e se achar que está mais liquida, não se preocupe pois ainda terá de adicionar os vegetais.
Lave a cebola, dispa-a com delicadeza, corte-a em cubos pequenos, coloque dentro da sopa, mantenha o volume da chama de modo a que a fervura aconteça de forma suave.
Proceda de igual forma com a abóbora, corte em pedaços pequenos, adicione à sopa, e por último acrescente a couve também cortada em pedaços que podem ser médios. Junte uma pitada de sal, a suficiente para dar à sopa o seu real sabor (escolha sempre o sal marinho não refinado). Tape e deixe os legumes conversarem uns com os outros, para que os sabores se harmonizem, durante 15 minutos. Ao fim deste tempo destape a panela, prove e sinta, pode rectificar o tempero e acrescentar mais uma pitada de sal, acrescente também um fio de azeite e umas gotas de vinagre de ameixa (atenção este vinagre é salgado, terão de ser mesmo umas gotas). Apague e se desejar acrescente hortelã.
Sente-se e aguarde 5 minutos antes de servir a sua sopa. Coloque uma música relaxante e acenda uma vela.  Com a sua sopa na tigela, comece a degustá-la, deixe-se levar pelos sabores e sinta a sua alma a ser temperada.

Natália Rodrigues Porto









quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Caldo de miso

                 

"O mar limpa, o campo regenera."
Certa manhã caminhei durante algum tempo entre árvores, e fui olhando cada uma pausadamente.
As árvores são como os mestres, e passam despercebidas.
Imóveis no seu terreno, assistem ao desenrolar de muitos episódios, sem se deixarem influenciar, sem tentarem controlar, elas cumprem o seu tempo de vida. Enchem de beleza o lugar que ocupam e falam através um silêncio encantador.
Com todos estes pensamentos a caminharem comigo, parei em frente a um plátano.
O vento soprava ousado e as folhas desprendiam-se devagar  dos seus braços de madeira.
Sem me mexer olhei para lá do vento e do tempo e procurei a tristeza da perda naquele ser.
Mas não a encontrei. O plátano quase nu estava cercado por um tapete de folhas secas que abandonaram o seu corpo. Mas árvore continuava firme e estável.
Sem mexer os meus ramos, pensei em mim e na fragilidade que sinto, sempre que perco algo que penso pertencer-me.
 Se eu tivesse a sabedoria de uma árvore, simplesmente deixava-me ir com as circunstâncias e mantinha-me estável, cheia de esperança pela certeza de que tudo mudaria, numa Primavera qualquer.
Faz sentido que o campo nos ajude a regenerar, porque é habitado por seres que sabem como viver sem apego e a necessidade de controlar.
Falta-nos ainda alguma aprendizagem para chegar a este patamar, saber entregar o que a vida nos pede para largar.

Natália Rodrigues Porto

Receita para desapegar

Caldo de Miso (receita para 2 pessoas)




Ingredientes
  • 1 Cebola (pode ser substituído por cenoura, nabo ou abóbora)
  •  5 tiras Daikon (tiras de rábano seco, que promovem o bom funcionamento do fígado e a vesícula)
  •  2cmWakamé (alga)
  •  Miso
  •  Tofu (opocional) no caso de colocar tofu, adicione quando juntar os legumes
  • Cebolinho

Confecção
 Coloque água ao lume com uma pitada de sal, (este caldo tem de ser consumido no dia em que se faz, por isso a quantidade depende do número de pessoas que o vai consumir).
 Quando a água ferver junte cebola cortada às meias luas, e umas tiras de daikon, acrescente alga wakamé cortada às tiras, cozinha tudo junto durante 20 minutos.
 Retire um pouco do caldo e dilua o miso, na proporção de 1 colher de sobremesa por cada tigela de sopa, junte à sopa e assim que iniciar a fervura apague.
Sirva com cebolinho, alho francês picado, hortelã ou outra erva aromática do seu gosto. 
Sente-se calmamente, feche os olhos e imagina o seu corpo interior a ser "banhado" por este caldo morno e com sabor a mar a inundar o seu estômago e sinta como a saúde pode estar contida em gestos simples, como este.



Miso
O miso é uma pasta que resulta da fermentação do feijão de soja com sal. Pode também conter cereais, tais como o arroz e a cevada, que são geralmente os mais aconselhados para uso diário.
Os alimentos fermentados contêm bactérias, que contribuem para um equilibrado funcionamento do sistema digestivo.
O corpo necessita deste tipo de alimentos para alimentar a flora intestinal e com isso reforçamos as nossas defesas. "cultivamos no nosso terreno as sementes da saúde".
Este caldo é um verdadeiro elixir para a sua vida.


Nota: Prefira este produto embalado em vidro e leia o rótulo para ter a certeza de que não é pasteurizado.

Bom apetite!

Natália Rodrigues Porto








sábado, 13 de dezembro de 2014

Trigo sarraceno




Eu costumo perder com alguma frequência o chapéu de chuva.
E hoje que chove apercebi-me disso uma vez mais. Por acontecer tantas vezes resolvi sentar-me e pensar sobre o assunto.
 É incrível a quantidade de imagens que chegam até nós quando decidimos parar. 
O emaranhado de ideias que se apresentam à nossa mente sempre que o corpo se aquieta.
Se continuarmos, depois de um momento intenso e até incomodo, o pensamento acalma-se e nós ficamos entre as coisas, não fazemos parte delas, elas não fazem parte de nós.
A chuva continuava a cair, indiferente à ausência do meu chapéu. Quando ela chega, nós temos de estar preparados, porque apesar de gentil, ela não se padece com o nosso mau estar. 
Quando o céu precisa chorar, simplesmente chora, e nós ou nos molhamos ou nos protegemos.
Sentada em frente ao ecrã do tempo vi a chuva a cair e apercebi-me que talvez eu não me importe de sentir a chuva. Quando paramos, a tempestade abranda dentro de nós, e é  a essa que precisamos dar atenção para que não fiquemos "molhados" pela desordem da mente.

Natália Rodrigues Porto


Trigo sarraceno



O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourisco, é isento de glúten, pelo que pode ser consumido pelos intolerantes a esta substância. Possuí um elevado teor de proteínas, é rico em magnésio, ferro, rutina (vitamina P) e previne doenças cardiovasculares, arteriosclerose, diabetes e obesidade.
O sabor deste cereal pode ser para alguns considerado forte, por isso  o seu consumo em sopas, ou  saladas onde se juntam vegetais, oferece  a vantagem de minimizar o intenso seu paladar e deste modo dá tempo ao seu palato, até que capaz de o apreciar.
As nossas papilas gustativas também se educam, por isso não desista de um alimento, só por não gostar dele na primeira vez. Se tiver o conhecimento dos seus benefícios, dê o benefício da dúvida ao seu paladar e insista.
Este cereal é pelo conjunto dos seus nutrientes recomendado em casos de fragilidade física, estados de convalescença,  faz também parte do grupo de alimentos indicados, para aumentar a produção do leite materno e é recomendado ainda, para casos de baixa fertilidade, frigidez ou impotência sexual.
Dá-nos estabilidade e confiança, e pode ser ainda utilizado como emplastro para tratar edemas
Os alimentos são verdadeiros tesouros na nossa vida, se procura a riqueza, comece pela escolha do que consome, pois ser rico e não ter saúde, pode ser uma forma maior de pobreza.




 Receita para eliminar a turbulência da mente

Sopa de trigo sarraceno

Ingredientes
  • ·        1 Chávena de trigo-sarraceno
  • ·        6 Tigelas de água
  • ·        1 Cebola média
  • ·        2 Cenouras
  • ·        Nabiças
  • ·        Azeite
  • ·        Sal


Confeção
Coloque o trigo depois de lavado ao lume com o triplo do seu volume de água durante 20 minutos, que serão contados após a fervura (mantenha depois da fervura iniciar a chama baixa) com uma pitada de sal.
 Acrescente após este tempo, a água necessária de modo a obter o volume e a consistência desejada para a sua sopa (mais ou menos líquida) e quando esta iniciar a fervura acrescente os legumes:  cebola e a cenoura, finamente cortadas. Conte mais 10 minutos, Tempere com um fio de azeite verifique o tempero e acrescente mais uma pitada de sal se necessário, junte as nabiças e depois de 5 minutos  apague.
Adicione umas gotas de sumo de limão e deixe repousar uns minutos antes de servir.


Natália Rodrigues Porto









quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Espetadinhas de tofu



Cada lugar amplia o nosso lugar.
Cada lugar muda a nossa pessoa.
Quando cruzamos um lugar e trocamos um olhar, tudo à nossa volta pode mudar de lugar.
A senhora olhou-me e disse algumas palavras, poucas mas suficientes para que aquele lugar transporte consigo a sua recordação.
Desconheço quem é o organizador do tempo, do espaço e dos lugares onde os encontros se fabricam.
Mas consigo imaginar a importância que isso tem na vida de todos nós.
A senhora com um rosto redondo e rosado olhou-me nos olhos, disse algumas palavras e tornou-se parte de mim. A sua presença ficou guardada meu coração.
De cada vez que recordar aquele lugar, ela será a mascote, a bandeira a agitar num momento que não mais consigo apagar. E se alguma vez lá voltar, será dela em primeiro lugar que me irei recordar, pelo que disse e pelo que ficou por dizer.
"Adeus, até  nos encontrarmos outra vez." Disse ao partir.
Se eu conhecesse o organizador dos encontros, perguntava-lhe quando a voltarei a encontrar, mas como há coisas que não são possíveis, para que outras o sejam, resta-me continuar no meu lugar e viver sem esperar, sabendo por dentro que cada lugar é um pedaço de todos lugares e cada encontro é uma oportunidade.
A vida é como uma manta de retalhos. Em cada um, uma cor, um desenho, uma história.
Com o tempo deixaremos de nos preocupar com o seu tamanho, e viveremos cada pedaço com toda a intensidade que sentirmos.
Amadurecer é reconhecer que tudo está no seu lugar e que na hora certa nos iremos encontrar, até lá fica um Adeus a pairar.

Natália Rodrigues Porto


Tofu 

O tofu resulta da coagulação do leite de soja, por isso é uma "espécie de queijo" vegetal.
Ao contrário dos queijos comuns é isento de gordura, no mundo das proteínas ao qual pertence, é considerado um alimento leve e de fácil digestão. Com ele podem efectuar-se muitas receitas pois a sua textura permite diferentes hipóteses de manuseamento: Salteado, no forno, em pickles, em creme, sobremesa, etc.
Após abrir a embalagem, coloque o restante dentro de um recipiente cubra-o de água e acrescente um pouco de sal, deste modo prolongar o seu tempo de conservação que não é muito longo (3 dias 4 no máximo após a sua abertura)

Receita para festejar as pessoas e os lugares

Espetadas de Tofu e Legumes (receita para 4 pessoas)



Ingredientes
  • 400g de Tofu
  • 2 cenouras
  • 1 curgete
  • 200g de cogumelos
  • sal
  • shoyu
  • alhos
  • pimenta preta
  • 1 colher de  sopa de sementes de sésamo
  • óregãos
  • óleo de girassol
  • 150g de farinha de trigo espelta
  • 2 colheres de sopa de amido de milho
  • água das pedras
  • 2 colheres de sopa de gengibre ralado


Confeção
Corte o tofu em cubos, os cogumelos em quartos e as cenouras e a curgete em círculos médios.
Disponha de forma alternada os legumes e o tofu no pauzinho da espetada. Coloque as espetadas feitas num tabuleiro e rege com shoyu, adicione alho picado, sumo de gengibre, um pouco de sal, pimenta preta e óregãos.
Deixe as espetadinhas a marinar durante 2h no mínimo.
Numa taça coloque a farinha e o amido, junte uma pitada de sal e as sementes de sésamo, adicione a água aos poucos de modo a obter um polme cremoso (mas não demasiado liquido). coloque-o no frigorífico durante 30 minutos.
Passe uma espetada de cada vez pelo polme, deixe escorrer um pouco e frite em óleo abundante. Depois de deixar escorrer em papel absorvente delicie-se com esta saborosa iguaria.





Natália Rodrigues Porto







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Tarte cremosa de maçã


Deus fez o homem à sua semelhança, e à nossa semelhança que fazemos que temos.
Quando formos diferentes, faremos coisas diferentes.
Li um dia esta frase: "Quando um homem não viaja, o mundo viaja até ele."
Outras viagens podem acontecer no tempo de quietude, o qual permite que tudo entre, e que tudo saía.
A viagem da vida tem diferentes direcções; para fora e para dentro.
Se na primeira conhecemos outras realidades, que ilustram as nossas mentes, com cores diferentes e acrescentam outras maneiras de viver.  A segunda pode acontecer através de um livro, que nos transporta com as suas palavras para outros cenários.
Estar e ir, duas formas distintas de movimento.
Podemos sempre viajar, até nos dias em que não saímos do mesmo lugar.
 O tempo e o espaço são  capas do livro, que utilizamos para nos guiar.

Receita para sonhar e viajar
Tarte cremosa de maçã


Ingredientes
Recheio

  • 10 maçãs médias doces
  • 2 pacotes de natas de aveia ou soja
  • 1 chávena de chá de geleia de arroz
  • 3 colheres de sopa de amido de milho
  • 1 colher de sopa de agar-agar
  • raspa de 1 limão
  • canela em pó

Base
  • 150g de farinha de trigo espelta
  • chávena de chá mal cheia de óleo de girassol, coco, milho ou azeite
  • chá de limão
  • 1 colher de café mal cheia de flor de sal
Confeção
Comece por fazer a base, coloque a farinha e o sal numa taça, junte o óleo aos poucos, e envolva bem de modo a obter uma massa areada, em que não vê óleo, mas observa que a farinha está totalmente envolvida nele. Junte aos poucos o chá arrefecido, até obter uma massa que não cole às mãos. É muito importante que junte devagar este chá, para não colocar a mais. Envolva tudo muito bem tudo e deixe a massa a descansar durante 15 minutos.
Descasque as maçãs e coloque-as numa taça cobertas de água e uma pitada de sal durante 3 minutos a fim de não oxidarem.
Num copo alto emulsione as natas com a geleia, a raspa do limão, o amido e a agar-agar, reserve.
Estenda a massa e forre uma tarteira depois de a untar com um pouco de óleo. Corte as maçãs ao meio e depois em fatias finas, coloque as fatias no fundo da tarteira, cubra com o creme obtido com as natas de aveia e leve ao forno pré-aquecido a 180g.
Esta tarte fica melhor 4h depois de ser confeccionada, adquire uma consistência maior.
Antes desse período não é fácil cortá-la.
Sirva polvilhada com canela em pó.

Natália Rodrigues Porto







terça-feira, 18 de novembro de 2014

Milet (milho painço)




Diz-se que há uma idade em que as perguntas são o tema principal e chamam-lhe a idade dos porquês.
Durante essa fase, pais e educadores esforçam-se para conseguirem corresponder aos anseios dos seus questionadores. A tarefa não é de todo fácil, quando tentamos explicar a uma criança de 4 anos o fenómeno da gravidez, o aparecimento do homem, o nascimento da terra, o que é uma estrela, ou para onde vai a água quando o mar está vazio.
Conhecer um tema não garante êxito na sua explicação e por vezes torna-se difícil conseguir sintetizar ou substituir as palavras com as quais nos sabemos explicar.
Descobrir o porquê das coisas é sem dúvida algo que todos nós procuramos, mesmo passada a idade dos porquês.
Perdida no encontro comigo, pensei se haverá algo que se perde ao adquirimos conhecimento.
A passar a ponte que vive sobre o rio, olhei o céu e fui surpreendida por um lindo e grande  arco-íris.
Olhei-o sem perder o rumo do volante, e nesse olhar senti-me completa e totalmente preenchida pelas suas cores.
Não tive nenhuma vontade de perguntar nada. Talvez porque a saiba, ou talvez porque também há uma idade, em que as perguntas já não precisam de respostas e os porquês deixam de ser o tema principal.
As palavras dizem muito e deixam muito por dizer. As explicações ensinam-nos muito e mostram-nos também o quanto nos falta saber.
De olhos fixos na beleza daquelas cores abandonei a necessidade de conhecer a origem e o fim e pensei, que talvez tudo seja uma ilusão, até as coisas sobre as quais achamos ter conhecimento.
Quando vires uma arco-íris agradece a visão.
Por muito que possamos querer perguntar, em alguns instantes só as cores nos conseguem saciar.



O Milet





O milet também conhecido por milho painço, é um cereal da família do milho e necessita apenas de 20 minutos de cozedura, para ficar macio.
Pode ser confecionado à semelhança do arroz branco, com todos os vegetais que desejar, pois  recebe com elegância o aroma e o perfume de tudo o que lhe juntar.
Para além da sua utilização em sopas, pode servir de acompanhento substituindo o arroz, massa ou batatas, com soberbas vantagens.
É isento de glúten muito nutritivo, de fácil digestão e dizem os terapeutas de medicina tradicional chinesa, que é indicado para melhorar as funções do estômago, baço e pâncreas.
Contribui para uma melhor gestão do nível de açúcar no sangue e promove o fluxo equilibrado das emoções.
O baço tem uma influência positiva em algumas qualidades como: a  flexibilidade, a paciência e a subtileza. 
Por isso aconselho o milet, para ampliar a paciência nos momentos em que o humor tarda em chegar.
Eu sou fã deste cereal.
E o leitor verá, que depois de o conhecer, ficará também.


Receitar para os momentos em que não sabemos como explicar

Creme creme de legumes


Ingredientes
·        1 Chávena de café de milet
·        1 Chávena chá de Abóbora
·        1 Chávena de chá de cenoura
·        1 Nabo
·        Sal
·        Azeite
·        Água

Confeção
Coloque o milet e os legumes previamente cortados, num panela, cubra com água, tempere com com uma pitada de sal.
Quando os legumes estiverem cozinhados, (cerca de 15 minutos) verifique o tempero e o volume da água, se necessário acrescente mais e depois de ferver novamente, junte um fio de azeite, apague e reduza a puré.
Sirva guarnecido com cebolinho, salsa ou coentros.





 Natália Rodrigues Porto

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pickles de rabanetes



Deslumbrada pela magia de um jardim, infiltro as minhas raízes no teclado mágico que traduz em palavras partes do que sinto.
A vida tal como o cinema tem um "trailer."
 Escrevi sobre flores e fiquei a pensar que flor poderia eu ser no mundo infinito das plantas. Uma vez solto o pensamento, o caminho inicia-se. Pode ficar a meio, ou nem passar do início, mas não podemos extinguir o seu nascimento.
Depois do meu pensamento ter começado a sua caminhada para além de mim, eu deparei-me com um jardim e fui inundada por uma vasta diversidade de árvores, plantas e flores. Os cheiros borrifaram-me a memória e eu recordei-me de tudo. Recordei que era parte da natureza e recordei que era natural o sentimento que me aflorava.
Enchi o olhar com a beleza daquele lugar e por mais que olhasse, menos queria parar de o fazer.
As orquídeas moravam por toda a parte, com muitas e diferentes cores. E eu aprendi algumas coisas que não sabia sobre elas. As diferentes espécies, alguns dos cuidados a ter.
Quando saí do jardim, senti-me plantada e lancei outro pensamento: Talvez eu possa ser uma espécie de orquídea humana.
Se puderes fica atento descontraidamente aos teus pensamentos, e verás facilmente como são espécies de sementes, que depois de pensados correm em busca de um terreno para se alimentarem e crescerem.
Orquídeas são boas de pensar, mas ervas daninhas é preciso ter cuidado para não as plantar.
A vida tal como no cinema tem intervalos, durante esse tempo cuida da tua semente e voa para fora da mente.

Receita para semear bons pensamentos

Pickles de Rabanete


Ingredientes
  • Rabanetes
  • sal
  • vinagre de ameixa
  • vinagre de arroz

Confeção
Corte em círculos finos os rabanetes, coloque-os numa taça de preferência de vidro, salpique com umas pedrinhas de sal, envolva bem o sal até que se desfaça. Repita a operação até segurar no vegetal e ser capaz de o dobrar sem o partir. Para 1 chávena de chá de rabanetes cortados a quantidade de sal é aproximadamente 1 colher de café. Quando chegar ao ponto dos rabanetes estarem macios e quase poderem ser dobrados, acrescente 3 gostas de vinagre de ameixa e 3 gotas de vinagre de arroz. tape a taça com um pano ou um guardanapo de papel e espere 2h no mínimo.
Esta preparação, auxilia a digestão de alimentos mais "pesados" ou com um maior teor de gordura.
E ainda por ser um vegetal fermentado aumenta a qualidade da flora intestinal e protege por acréscimo o sistema imunitário.
Rabanetes, rabáno e nabo também se pertencem ao grupo de alimentos indicados para auxiliar o fígado na digestão das gorduras. Utilize sempre que sentir necessidade de ampliar o funcionamento deste órgão. 
O fígado quando não está equilibrado perturba o nosso pensamento e deixa-nos instáveis, já diz o ditado para quem tem um feitio difícil: "Maus fígados" 





Natália Rodrigues Porto

sábado, 8 de novembro de 2014

Arroz integral



Cada alma é uma espécie de flor.
Cada flor necessita de um terreno, um clima e cuidados especiais.
Cada alma precisa de ser tratada como uma flor.
O corpo é o vaso da alma. O alimento a terra que enche o vaso.
Cada um de nós precisa conhecer a sua flor, para a poder correctamente proteger e alimentar.
Há catos que resistem a grandes temperaturas e tempos de secura.
Há plantas trepadeiras que precisam de um apoio para o seu crescimento.
Há flores que pedem sol e outras apenas luz.
Cada flor tem a sua história.
E cada alma tem também a sua.
Descobre que flor és e depois cuida de ti.
Presta atenção às tuas necessidades.
Para a tua alma desabrochar, precisas cuidar da tua flor (do teu corpo).

Receita para cuidar
Arroz integral


O arroz integral pertence ao mundo dos cereais. Existem muitas variedades de arroz: Longo, curto, selvagem, glutinoso, semi-integral, etc.
Ser arroz integral significa que depois de retirada a casca não foi retirada a película que protege o grão e que é essencialmente constituída de fibra.
A fibra nas quantidades corretas promove o bom funcionamento do aparelho digestivo.
O aparelho digestivo promove a qualidade do nosso sistema imunitário. 
O sistema imunitário promove a nossa sobrevivência.
Simples de confecionar, precisamos aprender a sentir o seu sabor através do treino da mastigação.
Podemos combiná-lo com outros alimentos tais como: leguminosas, algas, oleaginosas ou vegetais.
Quando conseguimos apreciá-lo cozinhado de forma simples, significa que atingimos um paladar requintado.
Gostar dos alimentos bem temperados é fácil, apreciar a essência de um alimento é descobrir-lo.
Também nós gostamos de ser amados pelo que somos.


Arroz integral  simples (receita para 4 pessoas)

Ingredientes
  • arroz integral de grão curto
  • sal
  • água
Confeção

Coloque a demolhar durante 4 horas a 8 horas, 2 chávenas de chá de arroz cobertas com o dobro da água num recipiente. 
Ao fim do tempo indicado, deite a água fora, coloque o arroz numa panela e acrescente 2 medidas de água para cada medida de arroz.
Leve a panela ao lume em chama média. Quando começar a ferver acrescente o sal, tape, baixe o lume. Cozinha durante 35 minutos.
Se optar pelo arroz de grão longo obterá um cereal mais solto, o arroz de grão curto indicado, fica sempre um pouco mais colado.
Espero que aprecie este cereal na sua versão mais original, há até quem nele se tenha "viciado" depois de ter o paladar apurado.

Natália Rodrigues Porto

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Creme de curgete com manjericão


Os dias em que nos sentimos mal, são mais longos do que os outros.
As horas em que a dor nos faz companhia, são mais longas do que as outras, e os minutos de desespero são muito maiores do que as horas de alegria.
O tempo é medido pelas nossas emoções. Quando estamos ocupados com o que gostamos nem nos apercebemos de como ele passa.
Há muito tempo que deixei de usar relógio, porque percebi que esse instrumento não me ajudava a conhecer o tempo. Servia-me apenas para ver as horas.
As pessoas que se atrasam frequentemente possuem um tempo interno, que é diferente do tempo que o relógio marca.
As que chegam adiantas anseiam competir com o tempo e temem ficar fora dele.
Como seria a nossa vida se neste momento o tempo deixasse de ser contado tal como o fazemos?
Seria o caos no mínimo.
Nós não sabemos viver fora deste tempo, atrasados, adiantados, na hora, estamos programados para servir este grande mestre.
Nos dias mais difíceis não olhes para o relógio. Fecha os teus olhos e encontra o teu tempo, acerta-te e seguramente algo mudará.
Mudar as horas pode não ser possível, mas se ajustarmos o nosso ritmo interno, sentiremos o tempo de outra forma.



Receita para não reparar no tempo

Creme de curgete com Manjericão 


Ingredientes

  • 3 curgetes médias
  • 2 cebolas  
  • chávena de café de milet
  • sal
  • vinagre de ameixa
  • azeite
  • manjericão

Confeção 
Retire a casca da curgete e reserve. Corte-a em pedaços médios e proceda de igual modo com a cebola. Numa panela coloque um fio de azeite e leve ao lume, adicione assim que o azeite estiver morno os legumes e saltei-os com uma pitada de sal, durante alguns minutos, baixe a chama e acrescente o milet  e a água apenas a cobrir, tape de deixar cozinhar durante 15 minutos em lume brando.
Ao fim deste tempo crescente a água para o volume e consistência da sopa que deseja, o sal para temperar e quando começar a ferver, junte as cascas da curgete, acrescente um fio de azeite. Cozinha tudo mais 5 minutos, apague o lume, reduza  puré e sirva com uma folha de manjericão.


Natália Rodrigues Porto


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Livros

Um dia a vida cruzou-me com  a Helena, e ela fez-me um convite . Desse encontro, o qual eu não estava à espera, nasceram dois livros: Cozinhar Com a Natália e Mamã o que é a comida.
O primeiro fala-nos de como podemos conhecer o nosso estado de saúde através das nossas emoções e apresenta várias receitas para que o equilíbrio seja de novo retomado.
É um livro que pode ler ao deitar e que o poderá inspirar para uma nova e diferente abordagem da sua culinária.
Tem como base alguns dos fundamentos da medicina oriental e que o pode orientar no reencontro com o seu bem-estar.
 Mamã o que é a Comida? É um livro que conta através de historias, o quanto a alimentação é importante para um crescimento saudável.
Destinado a adultos e a crianças que queiram aprender mais: sobre si, sobre o seu corpo e também sobre a importância, que tudo isso tem para o nosso Planeta.
Escreve-los foi como dar à luz uma energia que eu desejo que percorra o mundo para iluminar muitas duvidas, para inspirar muitos seres a redescobrirem a sua felicidade.
Se precisarem de mais informações, contactem-me.



Natália Rodrigues Porto