terça-feira, 18 de novembro de 2014

Milet (milho painço)




Diz-se que há uma idade em que as perguntas são o tema principal e chamam-lhe a idade dos porquês.
Durante essa fase, pais e educadores esforçam-se para conseguirem corresponder aos anseios dos seus questionadores. A tarefa não é de todo fácil, quando tentamos explicar a uma criança de 4 anos o fenómeno da gravidez, o aparecimento do homem, o nascimento da terra, o que é uma estrela, ou para onde vai a água quando o mar está vazio.
Conhecer um tema não garante êxito na sua explicação e por vezes torna-se difícil conseguir sintetizar ou substituir as palavras com as quais nos sabemos explicar.
Descobrir o porquê das coisas é sem dúvida algo que todos nós procuramos, mesmo passada a idade dos porquês.
Perdida no encontro comigo, pensei se haverá algo que se perde ao adquirimos conhecimento.
A passar a ponte que vive sobre o rio, olhei o céu e fui surpreendida por um lindo e grande  arco-íris.
Olhei-o sem perder o rumo do volante, e nesse olhar senti-me completa e totalmente preenchida pelas suas cores.
Não tive nenhuma vontade de perguntar nada. Talvez porque a saiba, ou talvez porque também há uma idade, em que as perguntas já não precisam de respostas e os porquês deixam de ser o tema principal.
As palavras dizem muito e deixam muito por dizer. As explicações ensinam-nos muito e mostram-nos também o quanto nos falta saber.
De olhos fixos na beleza daquelas cores abandonei a necessidade de conhecer a origem e o fim e pensei, que talvez tudo seja uma ilusão, até as coisas sobre as quais achamos ter conhecimento.
Quando vires uma arco-íris agradece a visão.
Por muito que possamos querer perguntar, em alguns instantes só as cores nos conseguem saciar.



O Milet





O milet também conhecido por milho painço, é um cereal da família do milho e necessita apenas de 20 minutos de cozedura, para ficar macio.
Pode ser confecionado à semelhança do arroz branco, com todos os vegetais que desejar, pois  recebe com elegância o aroma e o perfume de tudo o que lhe juntar.
Para além da sua utilização em sopas, pode servir de acompanhento substituindo o arroz, massa ou batatas, com soberbas vantagens.
É isento de glúten muito nutritivo, de fácil digestão e dizem os terapeutas de medicina tradicional chinesa, que é indicado para melhorar as funções do estômago, baço e pâncreas.
Contribui para uma melhor gestão do nível de açúcar no sangue e promove o fluxo equilibrado das emoções.
O baço tem uma influência positiva em algumas qualidades como: a  flexibilidade, a paciência e a subtileza. 
Por isso aconselho o milet, para ampliar a paciência nos momentos em que o humor tarda em chegar.
Eu sou fã deste cereal.
E o leitor verá, que depois de o conhecer, ficará também.


Receitar para os momentos em que não sabemos como explicar

Creme creme de legumes


Ingredientes
·        1 Chávena de café de milet
·        1 Chávena chá de Abóbora
·        1 Chávena de chá de cenoura
·        1 Nabo
·        Sal
·        Azeite
·        Água

Confeção
Coloque o milet e os legumes previamente cortados, num panela, cubra com água, tempere com com uma pitada de sal.
Quando os legumes estiverem cozinhados, (cerca de 15 minutos) verifique o tempero e o volume da água, se necessário acrescente mais e depois de ferver novamente, junte um fio de azeite, apague e reduza a puré.
Sirva guarnecido com cebolinho, salsa ou coentros.





 Natália Rodrigues Porto

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pickles de rabanetes



Deslumbrada pela magia de um jardim, infiltro as minhas raízes no teclado mágico que traduz em palavras partes do que sinto.
A vida tal como o cinema tem um "trailer."
 Escrevi sobre flores e fiquei a pensar que flor poderia eu ser no mundo infinito das plantas. Uma vez solto o pensamento, o caminho inicia-se. Pode ficar a meio, ou nem passar do início, mas não podemos extinguir o seu nascimento.
Depois do meu pensamento ter começado a sua caminhada para além de mim, eu deparei-me com um jardim e fui inundada por uma vasta diversidade de árvores, plantas e flores. Os cheiros borrifaram-me a memória e eu recordei-me de tudo. Recordei que era parte da natureza e recordei que era natural o sentimento que me aflorava.
Enchi o olhar com a beleza daquele lugar e por mais que olhasse, menos queria parar de o fazer.
As orquídeas moravam por toda a parte, com muitas e diferentes cores. E eu aprendi algumas coisas que não sabia sobre elas. As diferentes espécies, alguns dos cuidados a ter.
Quando saí do jardim, senti-me plantada e lancei outro pensamento: Talvez eu possa ser uma espécie de orquídea humana.
Se puderes fica atento descontraidamente aos teus pensamentos, e verás facilmente como são espécies de sementes, que depois de pensados correm em busca de um terreno para se alimentarem e crescerem.
Orquídeas são boas de pensar, mas ervas daninhas é preciso ter cuidado para não as plantar.
A vida tal como no cinema tem intervalos, durante esse tempo cuida da tua semente e voa para fora da mente.

Receita para semear bons pensamentos

Pickles de Rabanete


Ingredientes
  • Rabanetes
  • sal
  • vinagre de ameixa
  • vinagre de arroz

Confeção
Corte em círculos finos os rabanetes, coloque-os numa taça de preferência de vidro, salpique com umas pedrinhas de sal, envolva bem o sal até que se desfaça. Repita a operação até segurar no vegetal e ser capaz de o dobrar sem o partir. Para 1 chávena de chá de rabanetes cortados a quantidade de sal é aproximadamente 1 colher de café. Quando chegar ao ponto dos rabanetes estarem macios e quase poderem ser dobrados, acrescente 3 gostas de vinagre de ameixa e 3 gotas de vinagre de arroz. tape a taça com um pano ou um guardanapo de papel e espere 2h no mínimo.
Esta preparação, auxilia a digestão de alimentos mais "pesados" ou com um maior teor de gordura.
E ainda por ser um vegetal fermentado aumenta a qualidade da flora intestinal e protege por acréscimo o sistema imunitário.
Rabanetes, rabáno e nabo também se pertencem ao grupo de alimentos indicados para auxiliar o fígado na digestão das gorduras. Utilize sempre que sentir necessidade de ampliar o funcionamento deste órgão. 
O fígado quando não está equilibrado perturba o nosso pensamento e deixa-nos instáveis, já diz o ditado para quem tem um feitio difícil: "Maus fígados" 





Natália Rodrigues Porto

sábado, 8 de novembro de 2014

Arroz integral



Cada alma é uma espécie de flor.
Cada flor necessita de um terreno, um clima e cuidados especiais.
Cada alma precisa de ser tratada como uma flor.
O corpo é o vaso da alma. O alimento a terra que enche o vaso.
Cada um de nós precisa conhecer a sua flor, para a poder correctamente proteger e alimentar.
Há catos que resistem a grandes temperaturas e tempos de secura.
Há plantas trepadeiras que precisam de um apoio para o seu crescimento.
Há flores que pedem sol e outras apenas luz.
Cada flor tem a sua história.
E cada alma tem também a sua.
Descobre que flor és e depois cuida de ti.
Presta atenção às tuas necessidades.
Para a tua alma desabrochar, precisas cuidar da tua flor (do teu corpo).

Receita para cuidar
Arroz integral


O arroz integral pertence ao mundo dos cereais. Existem muitas variedades de arroz: Longo, curto, selvagem, glutinoso, semi-integral, etc.
Ser arroz integral significa que depois de retirada a casca não foi retirada a película que protege o grão e que é essencialmente constituída de fibra.
A fibra nas quantidades corretas promove o bom funcionamento do aparelho digestivo.
O aparelho digestivo promove a qualidade do nosso sistema imunitário. 
O sistema imunitário promove a nossa sobrevivência.
Simples de confecionar, precisamos aprender a sentir o seu sabor através do treino da mastigação.
Podemos combiná-lo com outros alimentos tais como: leguminosas, algas, oleaginosas ou vegetais.
Quando conseguimos apreciá-lo cozinhado de forma simples, significa que atingimos um paladar requintado.
Gostar dos alimentos bem temperados é fácil, apreciar a essência de um alimento é descobrir-lo.
Também nós gostamos de ser amados pelo que somos.


Arroz integral  simples (receita para 4 pessoas)

Ingredientes
  • arroz integral de grão curto
  • sal
  • água
Confeção

Coloque a demolhar durante 4 horas a 8 horas, 2 chávenas de chá de arroz cobertas com o dobro da água num recipiente. 
Ao fim do tempo indicado, deite a água fora, coloque o arroz numa panela e acrescente 2 medidas de água para cada medida de arroz.
Leve a panela ao lume em chama média. Quando começar a ferver acrescente o sal, tape, baixe o lume. Cozinha durante 35 minutos.
Se optar pelo arroz de grão longo obterá um cereal mais solto, o arroz de grão curto indicado, fica sempre um pouco mais colado.
Espero que aprecie este cereal na sua versão mais original, há até quem nele se tenha "viciado" depois de ter o paladar apurado.

Natália Rodrigues Porto

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Creme de curgete com manjericão


Os dias em que nos sentimos mal, são mais longos do que os outros.
As horas em que a dor nos faz companhia, são mais longas do que as outras, e os minutos de desespero são muito maiores do que as horas de alegria.
O tempo é medido pelas nossas emoções. Quando estamos ocupados com o que gostamos nem nos apercebemos de como ele passa.
Há muito tempo que deixei de usar relógio, porque percebi que esse instrumento não me ajudava a conhecer o tempo. Servia-me apenas para ver as horas.
As pessoas que se atrasam frequentemente possuem um tempo interno, que é diferente do tempo que o relógio marca.
As que chegam adiantas anseiam competir com o tempo e temem ficar fora dele.
Como seria a nossa vida se neste momento o tempo deixasse de ser contado tal como o fazemos?
Seria o caos no mínimo.
Nós não sabemos viver fora deste tempo, atrasados, adiantados, na hora, estamos programados para servir este grande mestre.
Nos dias mais difíceis não olhes para o relógio. Fecha os teus olhos e encontra o teu tempo, acerta-te e seguramente algo mudará.
Mudar as horas pode não ser possível, mas se ajustarmos o nosso ritmo interno, sentiremos o tempo de outra forma.



Receita para não reparar no tempo

Creme de curgete com Manjericão 


Ingredientes

  • 3 curgetes médias
  • 2 cebolas  
  • chávena de café de milet
  • sal
  • vinagre de ameixa
  • azeite
  • manjericão

Confeção 
Retire a casca da curgete e reserve. Corte-a em pedaços médios e proceda de igual modo com a cebola. Numa panela coloque um fio de azeite e leve ao lume, adicione assim que o azeite estiver morno os legumes e saltei-os com uma pitada de sal, durante alguns minutos, baixe a chama e acrescente o milet  e a água apenas a cobrir, tape de deixar cozinhar durante 15 minutos em lume brando.
Ao fim deste tempo crescente a água para o volume e consistência da sopa que deseja, o sal para temperar e quando começar a ferver, junte as cascas da curgete, acrescente um fio de azeite. Cozinha tudo mais 5 minutos, apague o lume, reduza  puré e sirva com uma folha de manjericão.


Natália Rodrigues Porto