Um dia fora do tempo, naqueles momentos em que nos
ausentamos do nosso personagem e por escassas inspirações ficamos à toa, num
lugar sem nome, com uma intenção sem destino e o qual designamos
por distração, pensei nesta palavra e no que ela representa
O Hábito é algo que habita em nós e por isso está
sempre connosco.
Vive nas nossas ações cria a nossa vida.
Se temos o Hábito de sonhar, somos sonhadores, se
temos o Hábito de brincar, somos brincalhões.
É o que coabita e habita em nós que nos define.
"O Hábito faz o monge."
Aquilo que repetimos é aquilo em que nos
tornamos.
Então percebi que mudar é fácil, basta criar outros
Hábitos, que sejam mais persistentes que os primeiros, basta dar mais atenção a
outros pensamentos e praticar outras acções. É fácil mudar, quando
percebemos que podemos desalojar o que habita em nós.
Aquilo a que nos habituamos é apenas um inquilino de
fácil remoção, para tal, basta que falemos com o nosso coração e baixinho
lhe confessemos o quanto desejamos seguir outro caminho.
Não apagamos os velhos Hábitos, apenas escrevemos por
cima e criamos outras realidades.
Qualquer Hábito, por melhor que seja, cria uma rotina,
que se repete com tanta frequência, que poderá levar-nos
à ausência da nossa vontade.
Levados pelo Hábito do que já
sabemos, podemos cometer a veleidade de esquecer como é
importante aprender novas coisas, perder a segurança do que nos parece estável
e seremos capazes de eclodir para um novo nascimento.
Talvez as doenças do foro mental, a perca de lucidez,
aconteçam mais em vidas, cuja repetição constante dos mesmos atos
se tornou tão intensa, que o cérebro deixou de
ser necessário e nesse sentido apaga algumas das suas funções.
Não é preciso atirarmo-nos de
um precipício para sentir o medo, nem romper com tudo à nossa volta.
Bastam pequenos gestos para que as nossas funções
cerebrais saibam o quanto precisamos delas e continuem ativas, despertando-nos
sempre.
Que tal acordar num horário diferente, falar
com alguém que vemos todos os dias, mas que simplesmente ignoramos. Há tantas
possibilidades...
Deixar os hábitos comandarem os nossos dias, pode
levar-nos a uma exaustão tão grande, que um dia esquecemos tudo e
somos incapazes até de recordar.
O hábito facilita as tarefas e dificulta a
criatividade, é uma armadilha entre as muitas que o nosso destino têm.
E o mais preocupante, é que por vezes temos o
Hábito de não sermos verdadeiros connosco, de não aceitarmos os
desafios que a vida nos vai propondo.
Faz parte do nosso crescimento, descobrir daquilo que
somos capazes, mesmo quando estamos convencidos das nossas capacidades, seguros
dos nossos medos e aparentemente felizes com o que conquistamos.
Senão surpreendermos a vida, corremos o risco de ser
ela a surpreender-nos...
Natália Rodrigues