quinta-feira, 12 de maio de 2016

As estações e a sua relação com a nossa vida 


É comum pensarmos naquilo que nos envolve e rodeia, sem termos consciência de que nós fazemos parte do todo, do qual somos também parte.
As estações não são só do ano. São processos de transformação operados pela natureza.
Nós somos parte da natureza. O nosso corpo é uma célula do universo, e o universo é o corpo que nos contém.
Podemos encontrar estações nos nossos dias, meses e anos.
É possível dividir a vida em 4 estações. É possível integrar em nós, tudo o que acontece em nosso redor e em toda a natureza.
A infância e até aproximadamente aos 21 anos, pode ser comparada com a Primavera.
Tempo de florescer, tempo de crescer, tempo de espontaneidade e de luminosidade.
Na Primavera tudo desponta, a terra dá à luz os seus frutos. Há cor e brilho. Há esperança e alegria.
É um início.
Entre os 21 e os 42 aproximadamente, é a época de viver intensamente. Momento de festejar, de colher os frutos maduros, de conviver, construir família, relações. E este período pode ser comparado ao verão. Época dinâmica, activa repleta de vitalidade.
A partir dos 42 e até aproximadamente aos 65 anos, o tempo adquire outra dimensão. Percebemos de repente que o tempo passa, e que não sabemos quanto mais tempo possuímos.
adquirimos uma consciência mais presente da imprevisibilidade de tudo o que nos rodeia. E fazemos outras escolhas, já nem tudo nos serve, já nem tudo pode ser feito. É necessário distinguir o que realmente queremos dar continuidade.
Esta fase pode ser comparada ao Outono, quando as folhas se soltam da árvore e mesmo assim ela não perde a sua beleza. Quando o verde se transforma em dourado ou vermelho. Quando o calor arrefece um pouco, mas mesmo assim gostamos de passear e admirar a paisagem.
Estação do conhecimento e do seu significado a um nível mais interno, a um ritmo mais de acordo com as nossas escolhas.
Um súbita calma emerge nas nossas vidas, não deixamos de fazer o que gostamos, mas já não nos importa agradar, queremos sentir-nos agradados. Buscamos a imagem do nosso interior.
Entre os 65 e o tempo que o calendário nos oferecer, recolhemos.
Tal como a terra protege a semente que a nova Primavera dará à luz. Nós aprimoramos a nossa essência.
Concentramos a força dentro de nós.
As correrias e as expectativas adquirem outro modo.
A confiança e a determinação ganham raízes no terreno da nossa conduta.
Não precisamos ser os primeiros. sentimos primeiramente.
A idade do amadurecimento, que tal como numa passa de uva, explode de sabor, tudo o que tivermos cultivado será guardado no nosso interior. A nossa verdadeira essência revela-se. Não procuramos exibição, somos procurados,
Termos mais discernimento, não porque este tenha aumentado, mas porque passamos a dar prioridade a outros aspectos da vida, concentramos os nossos objectivos e baseamos na simplicidade as nossas acções.
 Tornamo-nos como o fogo de uma lareira que até em silêncio é contemplado.
E deste modo cumprimos o ciclo da terra.
Claro que tudo é flexível e há quem ao nascer tenha uma postura de Invernos, e outros que no final da vida, vivem a fase de Primavera.
Tudo muda. Tudo se move em ciclos e cada um move-se na sua espiral privada.
E tu em que fase da "estação do ano" estás?

Natália Rodrigues





3 comentários:

  1. Somente obrigada. Gosto tanto do que escreve! 💞

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  2. Obrigada Tita pela sua amabilidade em me ler...

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  3. Natália... é deliciosa a sua escrita. Obrigada por partilhar a sua sabedoria de uma forma tão maravilhosa. Adorei ouvi la na formação ontem e vou fazer questão de ouvi la através da escrita. Estou rendida.

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