terça-feira, 10 de maio de 2011

Carta de Amor de uma Cozinheira

Cartas de amor
“Quem não as tem”…
O amor é como a gravidade, mantêm-nos ligados á vida, seguros no nosso itinerário, firmes no nosso propósito e crentes nas nossas convicções.
Sobre ele imensos livros foram escritos, imensas canções foram cantadas, imensas representações fizeram história.
No fundo, ele é a razão de quase tudo.
Um dia o pensamento encheu-me a alma: escrever cartas de amor, e juntar-lhe uma pitada de humor, um cheirinho de drama, um salpico de imaginação, e com um gesto de ternura, surgiu a primeira carta de amor de uma cozinheira.
Então a ideia ganhou asas e de repente, todas as cartas surgiram como que por magia, cartas de amor de vários profissionais.
Foi como se o universo num diálogo silencioso sussurrasse ao meu coração palavras de amor, que à deriva no espaço desejavam unir-se.
“Diz-me onde trabalhas, dir-te-ei como amas.”
Estas cartas são mais uma prova de que tudo é amor, tudo pode ser ao encontro do amor, se estivermos dispostos a unir os pensamentos soltos e se tivermos a audácia de nos deixar levar.






Carta de amor de uma cozinheira
Numa caçarola de barro estufam-se legumes.
No meu coração fervem emoções.
Sinto tanto a tua falta!
Tu temperas a minha alma como mais ninguém o faz.
Só tu tens a medida certa de apimentar e condimentar o nosso amor.
Sinto saudades dos teus beijos, que sabem a geleia e fazem gelatina do meu coração.
Tens o dom de me deixar sempre em ponto de rebuçado.
O teu cheiro abre-me o apetite e apura-me o paladar.
És o meu prato favorito. Contigo sinto-me sempre saciada.
Todo o meu ser fica como claras em castelo, leve e ao mesmo tempo firme.
Como um bolo no forno, o meu amor por ti, cresce.
Os nossos sentimentos são os ingredientes necessários a uma grande paixão.
A paixão que arde e não nos queima. A que nos derrete e que nos une. A que dissolve e que nos liga. A que fermenta dentro e nos transforma. 
Por tudo isto, não demores.
Não deixes arrefecer o nosso amor.




Natália Rodrigues





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