sábado, 27 de dezembro de 2014

Azuki e cevada


Antes de nascer é muito provável que nos seja dada a  beber  a poção mágica para nos libertar da memória.  
Seria seguramente mais fácil (em alguns aspectos) se nos recordássemos de onde viemos e para onde vamos. Mas não seria uma experiência tão verdadeira como a vida pretende que seja. Seria idêntico a termos as respostas de um teste antes de o fazermos.
Desconhecendo tudo em relação às nossas origens e todas as aprendizagens, temos a grande oportunidade de começar de novo.
Esquecidos do berço que nos continha, nascemos para os braços de alguém, para iniciar um ciclo de novas aprendizagens.
É essencial que estejamos muito presentes em tudo o que nos acontece. Cada segundo é uma gota da eternidade.
Com a poção mágica do esquecimento, não podermos saber o que, nem com quem combinámos crescer, resta-nos confiar que temos um guia para nos direccionar e o coração no peito para nos guiar.




Receita para recordar o que é preciso transformar
Sopa de feijão azuki e cevadinha





O azuki é um feijão e como tal pertence ao grupo das leguminosas. É conhecido pela a ação benéfica que possui para o bom funcionamento dos rins.
Os rins são órgãos responsáveis (entre outras ações) por filtrar o sangue. O sangue representa, a família e a vida.
 O sangue percorre o seu caminho pelas estradas do corpo e chega ao rim, enviado pelo coração. O coração é o órgão da partilha.
Para termos uma vida filtrada, circular com alegria e partilha, precisamos que os rins estejam em seu pleno funcionamento.
A cevadinha é uma variante do cereal mais conhecido por cevada.
Este cereal contribui para o bom funcionamento do fígado.
O fígado tem entre várias outras funções a responsabilidade de eliminar toxinas. Ele e os rins cuidam da nossa vida e do nosso sangue.
Para sermos equilibrados, precisamos estar libertos de "venenos."

Com esta sopa poderá fazer de todos os dias um novo dia.
Faça esta receita sempre que sentir que a sua vida não está a fluir, e sempre que pressentir que a partilha escasseia nos seus dias.

Receita (4 pessoas)
Ingredientes

  • 150 gramas de feijão azuki
  • 100 gramas de cevadinha
  • 1 fatia de abóbora cabacinha ou hokaido
  • 1 cebola
  • 1 fatia de couve coração

Confecção

Demolhe o feijão juntamente com a cevada durante 6 a 8 horas.
Deite a água fora onde os alimentos foram demolhados, e cozinhe ambos durante 40 minutos. (se desejar que seja mais rápido pode cozinhar em 20 minutos na panela de pressão), com o triplo do seu volume em água e uma tira de 3cm de alga kombu (esta alga deve ser sempre utilizada na cozedura das leguminosas, porque contém minerais que ajudam na digestão e evitam a formação de gases).
Passado o tempo de cozedura mexa para sentir a sua consistência, se achar que está muito espessa, acrescente mais água (pode ser fria) e se achar que está mais liquida, não se preocupe pois ainda terá de adicionar os vegetais.
Lave a cebola, dispa-a com delicadeza, corte-a em cubos pequenos, coloque dentro da sopa, mantenha o volume da chama de modo a que a fervura aconteça de forma suave.
Proceda de igual forma com a abóbora, corte em pedaços pequenos, adicione à sopa, e por último acrescente a couve também cortada em pedaços que podem ser médios. Junte uma pitada de sal, a suficiente para dar à sopa o seu real sabor (escolha sempre o sal marinho não refinado). Tape e deixe os legumes conversarem uns com os outros, para que os sabores se harmonizem, durante 15 minutos. Ao fim deste tempo destape a panela, prove e sinta, pode rectificar o tempero e acrescentar mais uma pitada de sal, acrescente também um fio de azeite e umas gotas de vinagre de ameixa (atenção este vinagre é salgado, terão de ser mesmo umas gotas). Apague e se desejar acrescente hortelã.
Sente-se e aguarde 5 minutos antes de servir a sua sopa. Coloque uma música relaxante e acenda uma vela.  Com a sua sopa na tigela, comece a degustá-la, deixe-se levar pelos sabores e sinta a sua alma a ser temperada.

Natália Rodrigues Porto









quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Caldo de miso

                 

"O mar limpa, o campo regenera."
Certa manhã caminhei durante algum tempo entre árvores, e fui olhando cada uma pausadamente.
As árvores são como os mestres, e passam despercebidas.
Imóveis no seu terreno, assistem ao desenrolar de muitos episódios, sem se deixarem influenciar, sem tentarem controlar, elas cumprem o seu tempo de vida. Enchem de beleza o lugar que ocupam e falam através um silêncio encantador.
Com todos estes pensamentos a caminharem comigo, parei em frente a um plátano.
O vento soprava ousado e as folhas desprendiam-se devagar  dos seus braços de madeira.
Sem me mexer olhei para lá do vento e do tempo e procurei a tristeza da perda naquele ser.
Mas não a encontrei. O plátano quase nu estava cercado por um tapete de folhas secas que abandonaram o seu corpo. Mas árvore continuava firme e estável.
Sem mexer os meus ramos, pensei em mim e na fragilidade que sinto, sempre que perco algo que penso pertencer-me.
 Se eu tivesse a sabedoria de uma árvore, simplesmente deixava-me ir com as circunstâncias e mantinha-me estável, cheia de esperança pela certeza de que tudo mudaria, numa Primavera qualquer.
Faz sentido que o campo nos ajude a regenerar, porque é habitado por seres que sabem como viver sem apego e a necessidade de controlar.
Falta-nos ainda alguma aprendizagem para chegar a este patamar, saber entregar o que a vida nos pede para largar.

Natália Rodrigues Porto

Receita para desapegar

Caldo de Miso (receita para 2 pessoas)




Ingredientes
  • 1 Cebola (pode ser substituído por cenoura, nabo ou abóbora)
  •  5 tiras Daikon (tiras de rábano seco, que promovem o bom funcionamento do fígado e a vesícula)
  •  2cmWakamé (alga)
  •  Miso
  •  Tofu (opocional) no caso de colocar tofu, adicione quando juntar os legumes
  • Cebolinho

Confecção
 Coloque água ao lume com uma pitada de sal, (este caldo tem de ser consumido no dia em que se faz, por isso a quantidade depende do número de pessoas que o vai consumir).
 Quando a água ferver junte cebola cortada às meias luas, e umas tiras de daikon, acrescente alga wakamé cortada às tiras, cozinha tudo junto durante 20 minutos.
 Retire um pouco do caldo e dilua o miso, na proporção de 1 colher de sobremesa por cada tigela de sopa, junte à sopa e assim que iniciar a fervura apague.
Sirva com cebolinho, alho francês picado, hortelã ou outra erva aromática do seu gosto. 
Sente-se calmamente, feche os olhos e imagina o seu corpo interior a ser "banhado" por este caldo morno e com sabor a mar a inundar o seu estômago e sinta como a saúde pode estar contida em gestos simples, como este.



Miso
O miso é uma pasta que resulta da fermentação do feijão de soja com sal. Pode também conter cereais, tais como o arroz e a cevada, que são geralmente os mais aconselhados para uso diário.
Os alimentos fermentados contêm bactérias, que contribuem para um equilibrado funcionamento do sistema digestivo.
O corpo necessita deste tipo de alimentos para alimentar a flora intestinal e com isso reforçamos as nossas defesas. "cultivamos no nosso terreno as sementes da saúde".
Este caldo é um verdadeiro elixir para a sua vida.


Nota: Prefira este produto embalado em vidro e leia o rótulo para ter a certeza de que não é pasteurizado.

Bom apetite!

Natália Rodrigues Porto








sábado, 13 de dezembro de 2014

Trigo sarraceno




Eu costumo perder com alguma frequência o chapéu de chuva.
E hoje que chove apercebi-me disso uma vez mais. Por acontecer tantas vezes resolvi sentar-me e pensar sobre o assunto.
 É incrível a quantidade de imagens que chegam até nós quando decidimos parar. 
O emaranhado de ideias que se apresentam à nossa mente sempre que o corpo se aquieta.
Se continuarmos, depois de um momento intenso e até incomodo, o pensamento acalma-se e nós ficamos entre as coisas, não fazemos parte delas, elas não fazem parte de nós.
A chuva continuava a cair, indiferente à ausência do meu chapéu. Quando ela chega, nós temos de estar preparados, porque apesar de gentil, ela não se padece com o nosso mau estar. 
Quando o céu precisa chorar, simplesmente chora, e nós ou nos molhamos ou nos protegemos.
Sentada em frente ao ecrã do tempo vi a chuva a cair e apercebi-me que talvez eu não me importe de sentir a chuva. Quando paramos, a tempestade abranda dentro de nós, e é  a essa que precisamos dar atenção para que não fiquemos "molhados" pela desordem da mente.

Natália Rodrigues Porto


Trigo sarraceno



O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourisco, é isento de glúten, pelo que pode ser consumido pelos intolerantes a esta substância. Possuí um elevado teor de proteínas, é rico em magnésio, ferro, rutina (vitamina P) e previne doenças cardiovasculares, arteriosclerose, diabetes e obesidade.
O sabor deste cereal pode ser para alguns considerado forte, por isso  o seu consumo em sopas, ou  saladas onde se juntam vegetais, oferece  a vantagem de minimizar o intenso seu paladar e deste modo dá tempo ao seu palato, até que capaz de o apreciar.
As nossas papilas gustativas também se educam, por isso não desista de um alimento, só por não gostar dele na primeira vez. Se tiver o conhecimento dos seus benefícios, dê o benefício da dúvida ao seu paladar e insista.
Este cereal é pelo conjunto dos seus nutrientes recomendado em casos de fragilidade física, estados de convalescença,  faz também parte do grupo de alimentos indicados, para aumentar a produção do leite materno e é recomendado ainda, para casos de baixa fertilidade, frigidez ou impotência sexual.
Dá-nos estabilidade e confiança, e pode ser ainda utilizado como emplastro para tratar edemas
Os alimentos são verdadeiros tesouros na nossa vida, se procura a riqueza, comece pela escolha do que consome, pois ser rico e não ter saúde, pode ser uma forma maior de pobreza.




 Receita para eliminar a turbulência da mente

Sopa de trigo sarraceno

Ingredientes
  • ·        1 Chávena de trigo-sarraceno
  • ·        6 Tigelas de água
  • ·        1 Cebola média
  • ·        2 Cenouras
  • ·        Nabiças
  • ·        Azeite
  • ·        Sal


Confeção
Coloque o trigo depois de lavado ao lume com o triplo do seu volume de água durante 20 minutos, que serão contados após a fervura (mantenha depois da fervura iniciar a chama baixa) com uma pitada de sal.
 Acrescente após este tempo, a água necessária de modo a obter o volume e a consistência desejada para a sua sopa (mais ou menos líquida) e quando esta iniciar a fervura acrescente os legumes:  cebola e a cenoura, finamente cortadas. Conte mais 10 minutos, Tempere com um fio de azeite verifique o tempero e acrescente mais uma pitada de sal se necessário, junte as nabiças e depois de 5 minutos  apague.
Adicione umas gotas de sumo de limão e deixe repousar uns minutos antes de servir.


Natália Rodrigues Porto









quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Espetadinhas de tofu



Cada lugar amplia o nosso lugar.
Cada lugar muda a nossa pessoa.
Quando cruzamos um lugar e trocamos um olhar, tudo à nossa volta pode mudar de lugar.
A senhora olhou-me e disse algumas palavras, poucas mas suficientes para que aquele lugar transporte consigo a sua recordação.
Desconheço quem é o organizador do tempo, do espaço e dos lugares onde os encontros se fabricam.
Mas consigo imaginar a importância que isso tem na vida de todos nós.
A senhora com um rosto redondo e rosado olhou-me nos olhos, disse algumas palavras e tornou-se parte de mim. A sua presença ficou guardada meu coração.
De cada vez que recordar aquele lugar, ela será a mascote, a bandeira a agitar num momento que não mais consigo apagar. E se alguma vez lá voltar, será dela em primeiro lugar que me irei recordar, pelo que disse e pelo que ficou por dizer.
"Adeus, até  nos encontrarmos outra vez." Disse ao partir.
Se eu conhecesse o organizador dos encontros, perguntava-lhe quando a voltarei a encontrar, mas como há coisas que não são possíveis, para que outras o sejam, resta-me continuar no meu lugar e viver sem esperar, sabendo por dentro que cada lugar é um pedaço de todos lugares e cada encontro é uma oportunidade.
A vida é como uma manta de retalhos. Em cada um, uma cor, um desenho, uma história.
Com o tempo deixaremos de nos preocupar com o seu tamanho, e viveremos cada pedaço com toda a intensidade que sentirmos.
Amadurecer é reconhecer que tudo está no seu lugar e que na hora certa nos iremos encontrar, até lá fica um Adeus a pairar.

Natália Rodrigues Porto


Tofu 

O tofu resulta da coagulação do leite de soja, por isso é uma "espécie de queijo" vegetal.
Ao contrário dos queijos comuns é isento de gordura, no mundo das proteínas ao qual pertence, é considerado um alimento leve e de fácil digestão. Com ele podem efectuar-se muitas receitas pois a sua textura permite diferentes hipóteses de manuseamento: Salteado, no forno, em pickles, em creme, sobremesa, etc.
Após abrir a embalagem, coloque o restante dentro de um recipiente cubra-o de água e acrescente um pouco de sal, deste modo prolongar o seu tempo de conservação que não é muito longo (3 dias 4 no máximo após a sua abertura)

Receita para festejar as pessoas e os lugares

Espetadas de Tofu e Legumes (receita para 4 pessoas)



Ingredientes
  • 400g de Tofu
  • 2 cenouras
  • 1 curgete
  • 200g de cogumelos
  • sal
  • shoyu
  • alhos
  • pimenta preta
  • 1 colher de  sopa de sementes de sésamo
  • óregãos
  • óleo de girassol
  • 150g de farinha de trigo espelta
  • 2 colheres de sopa de amido de milho
  • água das pedras
  • 2 colheres de sopa de gengibre ralado


Confeção
Corte o tofu em cubos, os cogumelos em quartos e as cenouras e a curgete em círculos médios.
Disponha de forma alternada os legumes e o tofu no pauzinho da espetada. Coloque as espetadas feitas num tabuleiro e rege com shoyu, adicione alho picado, sumo de gengibre, um pouco de sal, pimenta preta e óregãos.
Deixe as espetadinhas a marinar durante 2h no mínimo.
Numa taça coloque a farinha e o amido, junte uma pitada de sal e as sementes de sésamo, adicione a água aos poucos de modo a obter um polme cremoso (mas não demasiado liquido). coloque-o no frigorífico durante 30 minutos.
Passe uma espetada de cada vez pelo polme, deixe escorrer um pouco e frite em óleo abundante. Depois de deixar escorrer em papel absorvente delicie-se com esta saborosa iguaria.





Natália Rodrigues Porto







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Tarte cremosa de maçã


Deus fez o homem à sua semelhança, e à nossa semelhança que fazemos que temos.
Quando formos diferentes, faremos coisas diferentes.
Li um dia esta frase: "Quando um homem não viaja, o mundo viaja até ele."
Outras viagens podem acontecer no tempo de quietude, o qual permite que tudo entre, e que tudo saía.
A viagem da vida tem diferentes direcções; para fora e para dentro.
Se na primeira conhecemos outras realidades, que ilustram as nossas mentes, com cores diferentes e acrescentam outras maneiras de viver.  A segunda pode acontecer através de um livro, que nos transporta com as suas palavras para outros cenários.
Estar e ir, duas formas distintas de movimento.
Podemos sempre viajar, até nos dias em que não saímos do mesmo lugar.
 O tempo e o espaço são  capas do livro, que utilizamos para nos guiar.

Receita para sonhar e viajar
Tarte cremosa de maçã


Ingredientes
Recheio

  • 10 maçãs médias doces
  • 2 pacotes de natas de aveia ou soja
  • 1 chávena de chá de geleia de arroz
  • 3 colheres de sopa de amido de milho
  • 1 colher de sopa de agar-agar
  • raspa de 1 limão
  • canela em pó

Base
  • 150g de farinha de trigo espelta
  • chávena de chá mal cheia de óleo de girassol, coco, milho ou azeite
  • chá de limão
  • 1 colher de café mal cheia de flor de sal
Confeção
Comece por fazer a base, coloque a farinha e o sal numa taça, junte o óleo aos poucos, e envolva bem de modo a obter uma massa areada, em que não vê óleo, mas observa que a farinha está totalmente envolvida nele. Junte aos poucos o chá arrefecido, até obter uma massa que não cole às mãos. É muito importante que junte devagar este chá, para não colocar a mais. Envolva tudo muito bem tudo e deixe a massa a descansar durante 15 minutos.
Descasque as maçãs e coloque-as numa taça cobertas de água e uma pitada de sal durante 3 minutos a fim de não oxidarem.
Num copo alto emulsione as natas com a geleia, a raspa do limão, o amido e a agar-agar, reserve.
Estenda a massa e forre uma tarteira depois de a untar com um pouco de óleo. Corte as maçãs ao meio e depois em fatias finas, coloque as fatias no fundo da tarteira, cubra com o creme obtido com as natas de aveia e leve ao forno pré-aquecido a 180g.
Esta tarte fica melhor 4h depois de ser confeccionada, adquire uma consistência maior.
Antes desse período não é fácil cortá-la.
Sirva polvilhada com canela em pó.

Natália Rodrigues Porto